MP-SP denuncia policial militar que matou marceneiro com tiro na cabeça
15/08/2025
(Foto: Reprodução) Guilherme
Reprodução/redes sociais
O Ministério Público de São Paulo apresentou na quinta-feira (14) denúncia contra o policial militar Fabio Anderson Pereira de Almeida pela morte do marceneiro de Guilherme Dias Santos Ferreira, de 26 anos, com um tiro na cabeça no mês passado, na capital paulista.
Os promotores pedem ainda a prisão preventiva dele.
Agora, caberá à Justiça decidir se aceita ou não a denúncia. Se isso acontecer, o PM se tornará réu e responderá a processo judicial. A defesa do PM não foi encontrada pela reportagem.
De acordo com o promotor de Justiça Everton Luiz Zanella, o PM atirou três vezes pelas costas da vítima, que não teve condições de se defender, e ainda feriu por acidente uma mulher que passava pelo local.
“O delito também foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa do ofendido, pois este foi atingido pelas costas, enquanto corria para pegar um ônibus, não podendo desconfiar que seria um alvo do denunciado”, afirmou o promotor .
Segundo a acusação, o crime foi praticado por motivo torpe, já que o policial teria disparado contra Guilherme “por um sentimento de vingança, por desconfiar que ele poderia ser um dos autores do roubo que havia sofrido momentos antes”.
A prisão preventiva foi solicitada porque, segundo o promotor, a liberdade do acusado representa risco às testemunhas e pode dificultar a coleta de provas. Se a prisão for determinada pela Justiça, por se tratar de crime doloso — quando há intenção de matar —, o policial não terá direito a fiança.
No pedido de prisão preventiva obtido pelo g1, o advogado assistente de acusação Vinícius Bueno de Oliveira classificou o disparo como “covarde e absolutamente desproporcional”, destacando que a vítima foi atingida “pelas costas, completamente desarmada e indefesa”.
Para ele, o policial “não possui condições morais, nem psicológicas, para exercer” a função.
O crime
O PM estava de folga quando pilotava uma motocicleta pela Estrada Ecoturística de Parelheiros quando foi abordado por suspeitos armados que tentaram roubar sua moto. Ele, então, reagiu, e durante a confusão, o marceneiro foi baleado quando saía do trabalho e morreu.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado na época, o policial disse, em depoimento, ter confundido a vítima com um criminoso. Segundo a Polícia Civil, Guilherme não tinha envolvimento com a tentativa de assalto que motivou a reação do PM.
Testemunhas e colegas de trabalho afirmaram que a vítima saiu do trabalho às 22h28 — cerca de sete minutos antes do crime, ocorrido às 22h35. Guilherme foi atingido enquanto corria em direção ao ponto de ônibus.
Homem morto por PM registra ponto no trabalho após finalizar jornada
Um funcionário da empresa onde ele trabalhava apresentou imagens com registro do ponto eletrônico que confirmam o horário de saída (vídeo acima).
A própria vítima havia publicado no Status do WhatsApp foto do relógio de ponto à saída do trabalho (veja abaixo).
Status publicado por Guilherme Souza Dias em seu WhatsApp minutos antes de ser morto por PM
Arquivo pessoal
Um amigo dele ouvido na época pela TV Globo, que não quis se identificar, contou que Guilherme tinha se casado recentemente, fez aniversário na semana anterior ao crime e era "um rapaz incrível, inteligente e cheio de sonhos".
No boletim de ocorrência, foram encontrados com a vítima carteira, celular, remédios, livro, marmita, talheres e itens de higiene. Não havia nenhuma arma de fogo.
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